Como os municípios podem se preparar para as crises hídricas iminentes
Na década passada, as crises hídricas aceleraram e se agravaram, evidenciando as ameaças que costumam confrontar muitos municípios. O grande público não ignorou a que ponto esses eventos podem ser perigosos. Segundo a World Wildlife Federation, de hoje até 2025, dois terços da população mundial está suscetível a se defrontar com a escassez de água.
Os desafios mundiais em termos de abastecimento de água e de qualidade da água na Cidade do Cabo, em São Paulo e em Chennai exigem respostas rápidas e abrangentes da parte dos governos locais e nacionais. Esses municípios evitaram uma catástrofe, mas não estavam bem preparados. São raros aqueles que estão prontos a agir até se verem frente a uma situação de urgência.
Soluções provisórias podem permitir que os municípios escapem do pior, mas uma estratégia de longo prazo é indispensável para tratar corretamente da questão de abastecimento de água. Mesmo que o risco seja compreendido, com frequência isso não basta para que haja investimentos volunários para proteger o município contra uma crise hídrica.
Reúso da água, ou reciclagem, é a melhor defesa contra esse problema e os municípios devem refletir sobre como construir as bases para um programa de reciclagem avançado, que possa no futuro proteger os sistemas de abastecimento de água e os habitantes.
Para criar uma infraestrutura resiliente, é imperativo que os municípios compreendam o que funcionou no passado, suas fontes de água existentes, como incorporar o reúso da água e as possíveis ameaças a enfrentar.
Lições aprendidas com o passado
Á agua sempre esteve associada à política, o que, com frequência, levou os municípios a criar programas importantes que promovem a conscientização, a inovação e a adoção de tecnologias que hoje podem ser inspiradoras.
Por exemplo, a seca severa e inesperada na Cidade do Cabo obrigou o governo sul-africano a estabelecer o "Dia Zero", um discurso político sobre o dia em que os níveis de água das principais barragens ficariam abaixo do limite, exigindo restrições e racionamento generalizado. A previsão é de que quatro milhões de cidadãos sejam privados de água. Conscientes do impacto evidente e radical dessa situação, os cidadãos reagiram coletivamente ao reduzir o consumo de água e evitar o "Dia Zero". Esse esforço abriu caminho a muitas outras iniciativas destinadas a proteger e diversifcar as fontes de água da cidade, principalmente na exploração de aquíferos subterrâneos e na instalação de usinas de dessalinização.
Nos EUA, a Califórnia foi líder inconteste no reúso da água, porque a proteção das suas reservas de água é uma prioridade política a décadas. A escassez de água e os problemas associados, como incêndios florestais, criaram um ambiente em que é esperado que o Estado duplique a quantidade de água que recicla anualmente e desenvolva iniciativas de reúso de água potável. A California Coastal Commission aprovou recentemente uma usina de dessalinização menos de cinco meses depois de rejeitar uma proposta semelhante, demonstrando um novo compromisso com a dessalinização da água do mar para reforçar o abastecimento de água.
É melhor conhecer suas fontes de água
Para todos os municípios, a primeira etapa na luta contra as possíveis ameaças ao abastecimento de água consiste em avaliar as fontes de água existentes. Os que dispuserem de fontes de água mais diversas terão mais opções para sistemas de reúso que aqueles que possuírem somente um tipo de fonte de água.
Cingapura é um excelente exemplo de um país que assumiu o controle do abastecimento de água para assegurar a resiliência. Anteriormente, o abastecimento de água em Cingapura dependia totalmente de barragens e da importação de água de outros países. No entanto, nos últimos cinquenta anos, o país diversificou seu abastecimento de água por meio de várias iniciativas, incluindo dessalinização, consumo de água de reúso e proteção jurídica de leis nacionais para fornecimento de água doce — também conhecida como "Quatro torneiras".
Para estabelecer o melhor plano para o futuro, é crucial compreender como sua situação geográfica afeta as fontes de água e o que isso significa para avançar no continuum da reciclagem. Para regiões costeiras, a dessalinização costuma ser a solução ideal e o reúso também é possível porque determinados fluxos de resíduos podem ser desviados para os oceanos. As regiões continentais devem considerar meios de recompor a água quando os níveis estiverem baixos com uma infraestrutura de tratamento que crie um fluxo de resíduos mínimo, como ozônio e biofiltragem.
Conhecer suas opções para aprimorar o abastecimento de água via reúso
É igualmente importante que os serviços públicos saibam quais são as opções disponíveis para reduzir a diferença entre a diminuição de abastecimento de água e o aumento da demanda por água. I
sso pode incluir esforços ancorados na conservação, mas também no reúso da água Implementar ou ampliar o reúso da água não potável para outros fins, como irrigação, agricultura ou atividades industriais, pode atenuar a demanda por água potável e contribuir com a redução dessa diferença. Em casos em que essas demandas não podem ser separadas, isso pode ser insuficiente. Nesses casos, o reúso da água potável pode se mostrar mais eficiente na criação de um abastecimento de água sustentável para a comunidade, processando os efluentes por meio de um sistema de tratamento avançado com múltiplas barreiras para cumprir as normas e as exigências relacionadas à água potável.
Compreender os riscos
A maior parte da água utilizada em Boise, Idaho, provém de aquíferos subterrâneos do Estado — e é por isso que a água está entre as mais limpas da região. Contudo, como o crescimento demográfico e as mudanças climáticas continuam a ameaçar o abastecimento de água da região, a cidade estuda possibilidades de diversificação.
Neste ano, a cidade de Boise lançará um programa piloto para identificar os métodos ideais para despoluir efluentes industriais e os reciclar para outros fins. Trata-se do primeiro projeto proveniente da Water Renewal Utility Plan da cidade, e a Veolia Water Technologies & Solutions forneceu o equipamento de tratamento e acompanhará o projeto ao coletar dados e fornecer análises para auxiliar na tomada de decisões.
Cada município precisa considerar sua situação particular quando determinar como avançar com uma infraestrutura de água resiliente. A Veolia é a parceira que pode ajudar seu município a atingir os resultados desejados em reúso da água, sempre preservando a cultura de qualidade, segurança e conformidade. Juntos podemos desenvolver um plano global que preencherá as lacunas de conhecimento relacionadas a tecnologia, levará em consideração os regulamentos suscetíveis a possibilitar mudanças significativas e dará resultados.
Saiba como a Veolia pode ajudar na preparação da sua infraestrutura para que uma crise hídrica iminente não deixe fora de serviço seus sistemas estratégicos e não coloque os habitantes em perigo.
