Veolia Water Technologies & Solutions

Interesse em voga no reúso da água e financiamento disponível estimulados pelas estiagens recentes. O que esperar?

Stephen Katz
| 23 de fevereiro de 2022 |
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As estiagens severas e a crescente escassez de água continuam a causar estragos em todo o mundo. Secas históricas continuam a causar impacto no Brasil, na maior parte do oeste dos Estados Unidos, em Madasgacar e muito mais, deixando impactos tangíveis e duradouros nos moradores, na indústria e na economia.

Nos EUA, as autoridades declararam situação de emergência devido à estiagem de alcance local e estadual e pediram aos moradores para reduzir o uso de água. Algumas áreas estão impondo multas a domicílios por práticas de desperdício no consumo de água, como lavar com mangueira a entrada da garagem ou molhar o jardim. Além disso, alocações de água para o setor agrícola foram reduzidas drasticamente, forçando pecuaristas a vender a criação e agricultores a alqueivar grandes porções de terra, contribuindo essencialmente com os preços inflacionados de alimentos em todo o país.

As condições de seca ficaram tão graves que alguns estados adotaram medidas drásticas e sem precedentes para conservar água. Por exemplo, o departamento de Recursos de Água da Califórnia recentemente emitiu uma alocação de 0% de água (além do que é necessário para saúde e segurança crítica) do Projeto de Água Estadual para as agências locais de água.

Os impactos severos da estiagem persistente e a escassez de água são sentidos e abriram os olhos dos cidadãos e das autoridades quanto à necessidade de uma solução.

Nos EUA, vários programas foram pioneiros no avanço em fazer da reciclagem uma realidade, como Hamby Water Reclamation Facility, no Texas, F. Wayne Hill Water Resources Center, na Georgia, e Edward C. Little Facility, na Califórnia.

Hoje, vários programas e iniciativas de reúso da água avançam com firmeza. Um exemplo é a iniciativa Operation NEXT em Los Angeles, que busca maximizar a produção de água reciclada purificada da estação de recuperação de água Hyperion, o marco indispensável para atingir a meta do prefeito de reciclar 100% de efluentes até 2035. Outro exemplo é o Programa Regional de Água Reciclada liderado pelo Distrito de Água Metropolitana do Sul da Califórnia em parceria com os distritos sanitários do condado de Los Angeles, que vão purificar efluentes tratados da Joint Water Pollution Control Plant. Atualmente, essas estações enormes de tratamento descarregam a maioria dos seus efluentes no oceano Pacífico. A reciclagem nessa escala compensará o uso de centenas de milhares de domicílios na área.

Não são apenas as cidades grandes que estão indo na direção certa. A cidade de Morro Bay, Califórnia, está construindo uma estação de recuperação de água com purificação avançada de água para proteger o meio ambiente e estabelecer uma fonte de água segura e confiável para domicílios e empresas locais. No leste da Virgínia, um novo programa SWIFT reciclará efluentes altamente tratados usando processos avançados de tratamento de água e então injetará a água tratada no aquífero Potomac.

Esses são passos largos na direção certa e levaram anos para chegar a este ponto, mas ainda mais precisa ser feito.

Felizmente, o financiamento está agora disponível para fazer do reúso da água uma realidade generalizada. Na lei de infraestrutura recentemente aprovada, um bilhão de dólares foi destinado a projetos de reúso da água nos próximos cinco anos. Esse nível sem precedentes de financiamento dá aos municípios a oportunidade de consolidar um futuro estável e sustentável no uso da água para seus moradores e usuários comerciais e industriais locais, mas somente se o orçamento for usado estrategicamente.

Os municípios devem fazer investimentos inteligentes em tecnologias que atenderão às necessidades de hoje, de amanhã e do futuro. As cidades devem buscar investir em tecnologias e soluções que possibilitem a reciclagem de água segura e econômica para os casos de uso apropriados de hoje, e para os pssíveis pontos de uso final no futuro. Além disso, é crucial considerar o potencial futuro de tecnologias em implementação hoje. Elas possibilitarão reciclagem mais avançada para reúso potável direto quando as regulamentações e a aceitação pública aprovarem esse uso? Ou vão impedir que você continue a se adaptar e a evoluir enquanto o mundo muda?

Há não muito tempo, a ideia de beber água reciclada, ou de reúso potável, parecia improvável. Contudo, à medida que os consumidores começam a sentir pessoalmente os impactos duradouros da escassez de água, o estigma perde espaço, e o público geral começa a ficar receptivo à ideia do reúso direto de água potável que veem que precisam. No entanto, ainda falta um longo caminho. Em um 2020 estudo junto a consumidores americanos, somente um terço dos participantes disse que beberia água reciclada, e menos da metade dissse estar aberto ao uso para irrigação.

Também vemos um movimento na direção certa no lado regulamentar, com vários estados começando a esboçar regulamentos que apoiam o reúso direto de água potável. A Califórnia, por exemplo, é obrigada a completar a regulamentação de reúso direto de água potável até o fim de 2023 e criou um modelo para a regulamentação de projetos de reúso potável. Outros estados também fazem progressos. Colorado e Flórida, por exemplo, desenvolveram modelos similares e fazem avanços no esboço das regulamentações a apoiar. Apesar da regulamentação se limitar ao nível estadual, a EPA entrou na história para ajudar a acelerar o reúso. A agência liderou o plano de ação de reúso da água desenvolvido para apoiar e estimular o avanço no reúso da água em todo o país.

Assim que esses elementos se consolidarem e as peças se encaixarem, será crucial que os municípios estejam preparados para implementar o reúso potável para continuar a construir um futuro de água sustentável nos EUA. Acesse aqui para saber mais sobre como a Veolia pode ajudar nos projetos de reúso da água.

Sobre o autor

Stephen Katz

Gerente de desenvolvimento de mercado, Veolia Water Technologies & Solutions

Stephen é gerente de desenvolvimento de mercado na Veolia Water Technologies & Solutions, com mais de 16 anos de experiência no mercado de tratamento de água e de efluentes. Em sua função atual, ele tem como foco o desenvolvimento de mercados novos e existentes. Uma das suas principais áreas é o reúso da água. Antes disso, ele foi gerente do produto biorreator de membrana (MBR) com foco em diretrizes técnicas e comerciais para a tecnologia MBR e o desenvolvimento e a comercialização de novas tecnologias para o tratamento de efluentes. Stephen é bacharel em Engenharia Química pela McGill University em Montreal, Canadá.